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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

CURIOSIDADES DA EGIPTOLOGIA [ com vídeos ]

[ Egiptologia  (4) ]




CURIOSIDADES DA EGIPTOLOGIA
por  Jarbas Vilela.










fotofilmagens de Jarbas Vilela no Museu de Antiguidades do Cairo  -  31 jan. 2000






 





















O estudo metodológico do Egito antigo chama-se 
 "EGIPTOLOGIA".




Ele teve inicio  com a expedição de NAPOLEÃO BONAPARTE, com a descoberta da  Pedra de Roseta  e a decifração dos hieróglifos por CHAMPOLLION.




"Soldados da pena, soldados da ciência !  Do alto destas pirâmides 40 séculos vos contemplam.  Tendes aqui um dever a cumprir : o de pesquisar.  O mundo deseja conhecer a história dos egípcios.  Por isso, avante !"

Era o ano de 1798. Estas palavras de NAPOLEÃO deram inicio à batalha da Egiptologia.  Um ano depois, um oficial de BONAPARTE descobriu nas proximidades do Fort Saint Julien, em Rosetta,  uma estela com um decreto de PTOLOMEU II, com inscrições em grego, demótico e hieróglifo. 


Foi o sábio francês JEAN-FRANÇOIS CHAMPOLLION quem decifrou aqueles caracteres misteriosos, permitindo reconstituir, em seus mínimos detalhes, todos os milênios da História do Egito antigo.
Ele transpôs as portas de um mundo desconhecido, rompeu os selos intactos dos túmulos e desvendou o mistério do mundo dos faraós.

Será difícil contar com exatidão da história da Egiptologia no decorrer dos últimos 100 anos.  À partir do imenso acervo de documentos que as escavações trouxeram à luz do dia e colocados ao alcance de todos pelas publicações e museística, possuímos uma considerável imagem sobre a vida, o pensamento e as relações desses nossos longínquos antepassados.


A cultura faraônica é patrimônio universal :  toda a humanidade tem o direito de
aproximar-se dela,
recebê-la,
apreciá-la e
assimilá-la como uma parte de nossa história comum.


"O homem que lê, medita.
A alma que pensa, se eleva..."
Pensamento chinês 
 





 
 
O Egito tem uma história maravilhosa porque é bastante longa. 
A história do Egito se desenrola através de  4 milênios;  nós estamos no Brasil com apenas 500 anos, como toda a América. 
Lá foram 4.000 anos.
Nós tivemos 2 imperadores. 
Lá foram mais de 400 reis.
 



 
No Egito a História foi gravada para sempre,
nas estátuas de ouro, madeira ou pedra,
nas cores,
nos objetos,
nas múmias,
nos ataúdes,
nos relevos,
pinturas ou gravuras.
Ali, cada pedra contém um romancecada templo encerra uma história:  a dos deuses e a dos mortos.
No profundo e misterioso silêncio do tempo, pairam vozes de sofrimento, cânticos festivos, sagrados e profanos, ordens imperativas, perfumes de incenso e mirra.



 
 
 
Essa gente inventou
o calendário,
o alfabeto e o primeiro relógio : 
a clepsidra
Iniciou a Anatomia e a Patologia.
Nessa terra, JOSÉ foi vendido como escravo e se tornou ministro de um rei hikso, povo invasor. 
Aí viveram
HATSCHEPSUT  - a "rainha-faraó",
NEFERTITE e AKHENÁTEN - o "servidor do sol", TUTANKHAMEN -  o 'faraó-menino" e 
RAMSÉS II -  o criador de um mundo de pedra.
Aí, MOISÉS  "aprendeu toda sua sabedoria dos egípcios" e libertou os hebreus das terras de Goshen.
Aí, ASSURBANÍPAL, CAMBISES e ALEXANDRE lutaram pela posse de todo o oriente. 
Aí,  CLEÓPATRA conquistou  JÚLIO CÉSAR   e   MARCO ANTONIO. 
Essa terra acolheu a  Sagrada Família  e  salvou  JESUS-menino da perseguição de HERÓDES.





 
 
Para sobreviver e chegar à grandiosidade de sua civilização, o Egito teve de domar o maior rio do mundo em extensão :  o  Nilo  -  seu único rio.  O Egito teve uma das mais notáveis civilizações do mundo, cuja vida econômica baseava-se na agricultura.  As inundações periódicas do Nilo deixavam a terra muito fértil e negra  -  por isso eles a chamavam  "TA KEMPT" (= terra negra).
Como dizia HERÓDOTO
 
 "o Egito é uma dádiva do Nilo".
 
 
 
O Nilo sempre foi a razão para todas as coisas.
Parece-nos impossível viver às suas margens e não termos visões da eternidade !
Por que será que tudo aí teve de ser tão grande, tão monumental, maior que a vida ?
Vida e morte aí se confundem... e o egípcio sempre vislumbrou o eterno, o divino !
 



 
 
 
O povo egípcio, depois de constituído, passou a ser governado por um rei, cujo nome pessoal era secreto e mágico. 
O rei era um deus que reinava pessoalmente, fisicamente
O povo era, ao mesmo tempo, filho e adorador desse deus. 
Essa figura divina adquiriu os dons criadores de (= o deus-sol) e o soberano passou a se apresentar como  "filho de Rá" :  ele recebeu o título de  "faraó" (= luz do sol).  Suas ordens não podiam ser discutidas... eram ordens de um deus e até a religião funcionava em torno desse rei.
 



 
 
Das 7 maravilhas do mundo antigo escolhidas por FILON de Bizâncio, as pirâmides são as únicas que subsistiram ao poder destruidor do tempo... 

 " Todas as coisas temem ao tempo... e o tempo teme as pirâmides" !  - diz um velho ditado árabe. 



 
Elas comemoram a maior de todas as vitórias : a vitória sobre a morte.
Jamais se elevou na face da terra uma casa tão sólida e perfeita em rigor astronômico, matemático e geográfico.
Muitos propuseram sua construção pelos atlantes, indonésios, feiticeiros e até por seres extraterrenos  -  e se formularam inúmeras outras elucubrações sobre suas funções : 
"os celeiros de JOSÉ",
"templos dos mistérios ocultos",
"observatórios astronômicos",
"barreiras contra as dunas do deserto",
"relógios solares",
"reguladoras do ano agrícola",
"esconderijos de altos segredos" ou de fabulosos tesouros.
 




 
A maior de todas as pirâmides é a do rei QUEÓPS, chamado KHUFU, na língua egípcia.  QUEÓPS (denominação grega) lançou aos céus uma pirâmide de 149 metros de altura -  o ápice da ambição humana !  E por ironia do destino, a única estátua que dele possuímos tem apenas 12 centímetros  (está no Museu do Cairo).

 
 
 
 
 
 
 
 
Essa pirâmide-túmulo é formada por 3 milhões e 500 mil blocos de calcário. 
Sua área é de 53.000 metros quadrados  (= 3 vezes maior que a Basílica Nacional de Aparecida / e sua altura é de 1 vez e 1/2 a torre dessa igreja  -  outro cálculo afirma que nessa área poderiam caber as catedrais de São Pedro, São Paulo, de Florença, de Milão e a Abadia de Westminster.
Aos pés dessa montanha de pedras tudo parece minúsculo e insignificante :  o homem é uma simples formiga.




 
 
O Egito tem mais de 180 pirâmides espalhadas pela margem esquerda em todo o percurso do Nilo. Existem 69 de Gíza a Dashur.
 Foram construídas para comemorar a imortalidade dos faraós e como recursos econômicos :  na época das inundações elas davam trabalho ao povo.
Ao redor das pirâmides dormem suas rainhas bem-amadas e toda uma corte descansa para a eternidade:  príncipes, sacerdotes, escribas, cortesãos, arquitetos  -  cada qual em sua tumba funerária que chamamos  "mástaba" (palavra árabe). 
Ali deixaram escrito que a morte foi vencida !





A pirâmide satélite do conjunto funerário do rei SAHURÁ, em Abu-Sir, possui um verdadeiro sistema de canos de cobre para conduzir os líquidos sagrados das libações religiosas para o lado externo dessa construção. 
Os encanamentos medem 300 metros de comprimento e o metal usado veio do Sinai ou do deserto oriental.







 
No Planalto de Gizé, junto das mais conhecidas pirâmides, ergue-se a famosa esfinge : um estranho monumento com corpo de leão e cabeça humana.
Esfinge é palavra grega e quer dizer  "estranguladora".
A esfinge que está no Planalto de Gizé nada tem a ver com aquela de ÉDIPO, muito menos com a sua lenda grega.
Aqui no Egito é a guardiã fiel da pirâmide de KAFRÁ  (QUÉFREN, em grego).   Misteriosa e muda, viu o nascer de todos os sóis que os homens guardam na lembrança; viu todos os faraós, viu CÉSAR e CLEÓPATRA, ALEXANDRE e NAPOLEÃO
É o símbolo da união da força com a inteligência.
Na Idade Média desfiguraram suas feições a tiros de canhão e mosquetes... e a chamam  "Âbu-hôl" (= pai do terror, em árabe).




Um dia, um príncipe, fatigado de caçar leões, veio descansar à sobra da Esfinge.  Tão cansado estava, que logo adormeceu... e ela lhe falou, em sonhos :

" Escuta-me, ó meu filho !
  Sou teu pai, o deus HORAKTE  KHEPERURA  ATUM.
  À ti pertencerá a terra em toda sua largura e comprimento.
  À ti estão destinadas todas as riquezas do Egito e os tributos de todas as nações.
  Há muitos anos meus olhos e meu coração estão voltados para a sua pessoa.
  Liberte-me  desta areia que me sufoca e tu serás meu salvador.
  Eu te colocarei sobre o trono e tu usarás as coroas branca e vermelha, do Alto e Baixo Egitos."

O príncipe atendeu o seu pedido e a Esfinge cumpriu sua promessa : o príncipe mandou descobrir o monumento e subiu ao trono com o nome de THOTMÉS  IV, tornando-se um dos maiores reis de toda a história egípcia. 
Ele mandou gravar uma estela com o sonho e a colocou entre as suas patas.




 
 
Em 1938 uma expedição arqueológica dirigida pelo arqueólogo WALTER BRIAN EMERY e seu colaborador  ZAKI EFFONDI  SA'AD, trouxe a lume a tumba de uma grande personagem da II dinastia, cuja mesa de oferendas estava posta e uma refeição inteira servida em travessas e pratos de terracota. 
O cardápio de 2.000 aC. compreendia:
pombos assados,
codornizes e
rolinhas com molho,
alguns legumes,
peixes,
uma costela de bezerro,
bolos redondos e
pequenos pães triangulares  (que lembram esfihas).




A cerveja era a bebida preferida pelos egípcios e havia numerosas fábricas onde a produziam, já em 2300 aC..  Foram encontrados no túmulo do vizir HEMAKA, 2.000 cântaros para saciar a sua sede no outro mundo.
Os vinhos recebiam rótulos
com a data,
o vinhedo
e a propriedade, tal como se lê neste selo :

" Ano 9, excelente vinho branco do sítio do rei TUTANKHAMEN, da margem ocidental. "





Um papiro do  Museu Egípcio de Turim nos dá informações talvez sobre a primeira greve de que se tem notícia na História.  Essa greve de trabalhadores aconteceu em 1.170 aC..  -  seus salários, com 2 meses de atraso, finalmente foram pagos pelo alcaide de Tebas.




Para vencer na vida, este era o conselho que um professor dava aos seus alunos : 

"Sê escriba !  Avida do escrevente do governo é preferível a qualquer outra.  Tu te cobrirás com uma túnica branca e dirigirás o trabalho dos outros. Lembra-te dos teus antepassados cujas tumbas estão abandonadas.  Mas ainda se pronunciam seus nomes por causa dos livros (= papiros)que fizeram.  Suas memórias perdurarão até os limites da eternidade.  Sê escriba e teu nome poderá ter sorte idêntica."

 



 
 
O rei DIDKARA ARSA, da V dinastia, tinha por vizir um homem sábio e filósofo.  Chamava-se  PTAH-HETEP.
Estes conselhos ou  máximas do Papiro PRISSE  foram por ele escritos no ano 2.300 aC. :
 
"Abre tua boca quando tiveres coisas bonitas a dizer - do contrário, guarda silêncio"  /
 
"Nunca despreza os que sabem menos que tu porque em muitas ocasiões os ignorantes podem ensinar os sábios"  / 
 
"A sabedoria e a arte não têm limites que possam ser alcançados e ninguém possui a perfeição"  /
 
"Todo aquele que é capaz de ouvir, é capaz de contar"  /
 
"Se tiveres que ditar a conduta aos outros, faz com que a tua própria conduta seja irrepreensível".
 





 
 
Ao observar as pinturas egípcias você logo verifica a ausência de perspectiva e a lei da frontalidade.  Eles desenhavam o rosto de perfil para mostrar a ossatura, o volume da cabeça e ressaltar as linhas da testa, nariz, boca e queixo.  Os olhos e as orelhas são vistos de frente, para melhor visualização e contemplação recíproca. 
Eles se representavam a si mesmos e a seus vizinhos com absoluta fidelidade dos tipos humanos, com uma esquematização muito segura dos seus traços distintivos.
A arte foi tão precisa que deixou transparecer, até mesmo, alguns traços de suas enfermidades
a obesidade do xeque EL BELED,
a poliomielite do rei SIPTAH
o nanismo de SENEB e
a espandiomielite da rainha do Punt.



 
 
 
Foi também o Egito que nos deixou a mais velha fórmula do célebre conto  Cinderela :
 
"Era uma vez um falcão que roubou a sandália de uma linda jovem que se banhava no lago.  Ele a prendeu com seu bico e a deixou cair bem perto do faraó, que concedia audiência em seu jardim.  Com aquela tão pequenina e delicada sandália ele pôde conhecer a jovem, enamorou-se dela... e a desposou."




 
 
Agora vou lhe contar a história de um leão que possuía muita força e caçava bem.  Os animais das montanhas o temiam.  Certo dia encontrou-se com uma pantera, cujo couro estava esfolado e a pele rasgada. 
Perguntou-lhe o leão :  "Como chegaste a esse estado ?  Quem te esfolou ?"  
Respondeu-lhe a pantera :  "Foi o homem." 
"O homem ? - que é isso ?", retrucou o leão. 
"Não há nada mais astuto do que ele, o homem !"  - disse a pantera. 
Então o leão sentiu rancor do homem e foi procurá-lo.




 
Entre os 2.200 e 2.065 aC., houve um período de caos e desordem no Egito :  saques a túmulos e pirâmides, queda do poder central e domínio da nobreza... uma espécie de feudalismo. 
Mas os tempos mudaram e o príncipe MERIKARÁ, filho do rei  KHÉTI II   (da X dinastia), pôde estabelecer uma nova ética no  Papiro de Leningrado :
 
"Deus criou os chefes para que sejam protetores dos fracos"
 





Você sabia que os egipcianos adoravam possuir muitos títulos ?  Em diferentes túmulos das dinastias XV e XVI, KLAUS BAER enumerou mais de 1.800 deles. 
SENMUT, o favorito da rainha HATSCHEPSUT colecionou todos estes :

" Príncipe e Conde Hereditário",
" Porta-Selos do Rei do Baixo Egito",
" Companheiro Único",
" Grão Mordomo de AMEN",
" Superintendente dos Campos, dos Jardins, das Vacas, dos Servos, dos Lavradores e dos Servidores de AMEN",
" Profeta de AMEN",
" Porta-vóz do Santuário de GEB",
" Chefe da Casa da Coroa Branca",
" Interventor da Grande Sala da Casa dos Funcionários",
" Grão Mordomo do Rei",
" Superintendente da Residência Real",
" Inspetor dos Ofícios Divinos",
" Tutor Pai da Princesa NEFRURÊ",
" Interventor de Todas as Obras do Rei em Karnak, Hermonthis, Deir-el-Bahari, Templos de Mentou, Karnak e Luxor",
" Superintendente dos Superintendentes das Obras".







O estudo do corpo humano foi bem familiar aos egiptanos, pois a mumificação dos cadáveres entrou em uso desde a II dinastia. A medicina deve ter sido a mais antiga profissão.
Havia médicos para todos os órgãos :
uns para a vista,
outros para os males da cabeça,
estes para os dentes,
aqueles para os males do ventre
e outros, enfim, para os males internos.






Acreditavam que as pessoas ficavam doentes porque um demônio tinha entrado nelas, para leva-las à morte. 
Para curar um resfriado, por exemplo, usavam recitar fórmulas mágicas, como esta :

" Vai, afasta-te !  Vai-te embora, resfriado, que tornas doentes os 7 buracos da cabeça !  Vê  -  trago teu remédio:  grãos de incenso e leite de uma mulher que acaba de dar à luz um menino.  Ó tu, resfriado :  perece no espirro do teu nariz !   Sai e cai por terra, fedor, fedor, fedor, fedor ! "





 
No antigo Egito já havia dentistas e protéticos, chamados  "sunu-ibh"  e  "yri-ibh", na língua egípcia..
Encontrou-se na necrópole de Gizé, na boca de uma múmia, dois dentes postiços ligados por um fio de ouro.




 
Os papiros médicosdescobertos nas tumbas, também fazem referências
às parteiras,
aos preceitos de higiene,
cirurgia óssea,
patologia interna
e até mesmo aos cosméticos para embelezar a pele, os cabelos e as mãos.
 
A receita nº 31 do Papiro de Berlim traz este diagnóstico contra a tosse :
 
"... creme e cominho mergulhado no mel. Fazer o doente tomar por 4 dias".


Para eliminar rugas e manchas, as damas egípcias usavam uma loção preparada com  "leite de burra, alabastro, natrão, mel e alume em pó."

 
 
O Papiro Kahum até prescreve supositórios aparentemente anticoncepcionais.

Algumas drogas também eram eficazes no combate a pulgas, moscas e ratos.






Para combater a calvície, que causava muita preocupação entre os egípcios, apareceu na V dinastia uma pomada  feita com  "caroço de tâmara, patas de cão e mocotó de burro, cozidos em azeite."
 







O baú de cosméticos de TÚTU, esposa de ANI, conservado no Museu Britânico, é uma prova típica da vaidade das damas egípcias. 
Em seus 4 compartimentos estão
potes e frascos com ungüentos,
paleta para amassar e misturar cosméticos,
almofada para descansar os braços,
pinça de prata para remover as sombrancelhas e
um riquíssimo par de sandálias de couro de antílope.






 
 
Os egípcios acreditavam na imortalidade da alma e na ressurreição do corpo  -  e simbolizavam isso de um modo material :  eles embalsamavam o corpo e enchiam o túmulo com utensílios necessários na outra vida, ou com imagens representado essas coisas.
 
São encontrados no Egito dois tipos de múmias :  as naturais  (que se conservaram intactas, devido ao solo seco, ao clima quente e a ausência de germes)  e  as  artificiais  (que passaram pelo tratamento especial da mumificação).  "Até hoje não foi possível descobrir uma autêntica receita, genuína e completa, de mumificação"  - dizem alguns estudiosos. 
HERÓDOTO, viajante grego que esteve no Egito em 450 aC., transcreveu algumas receitas que ouviu de sacerdotes, na sua  obra chamada  "História".
A arte da mumificação permanece um mistério.




 
 
Clipe :  "Múmias, tumbas e monumentos"




 


A música era muito apreciada.  A maioria dos instrumentos foram encontrados nas mástabas, na necrópole tebana e nos relevos das tumbas aparecem, muitas vezes, desenhados :
harpas,
alaúdes,
cítara,
oboé,
flautas,
trombetas de bronze e cobre,
tambores,
tamboris,
badalos,
sistros
e uma sineta chamada  "nemat".





Um papiro conservado no Museu Britânico, conserva alguns pensamentos de  AMENEMOPÉT,  "Escriba Real dos Trigos"  do faraó.  Esta frase é uma das mais significativas :

" O homem é feito de palha e argila e Deus é o seu modelador.  Todos os dias Deus constrói e destrói. "






Houve um faraó que abandonou Tebas para fundar uma nova capital.  Ele abandonou o culto de AMEN-RÁ e seus sacerdotes, para ali adorar um novo um novo deus. Um deus que residia no disco físico do sol:  ÁTEN.  Ele abandonou seu nome de  AMENHETEP  ( Amenófis, em grego ) IV, para denominar-se  AKHENÁTEN  = o que serve o sol !
As descobertas arqueológicas trouxeram a lume os poemas realistas e solenes desse faraó poeta e místico.

Sua graciosa esposa chamava-se   NEFERTITE  (= Nefernefruáten Nofretet).  O Museu de Berlim possui o mais belo retrato escultural de suas delicadas feições.




O irmão e sucessor de AKHENÁTEN devia denominar-se  TUTANKHÁTEN.  Mas ele mudou seu nome para TUTANKAMEN, homenageando o antigo deus  AMEN  e restabelecendo o seu culto em TebasSubiu  ao trono com 9 anos e sua esposa, a rainha  ANKSENAMEN, com 12.  Nessas idades governaram melhor que muitos faraós.
Quando os sacerdotes anunciavam a aparição dos soberanos, toda a corte ajoelhava-se e beijava o chão :

" O grande filho de AMEN, nascido do touro-forte de sua mãe, assim como NUT, senhora do firmamento  -  criado com o leite divino, o Senhor dos Tronos do mundo, o Bom-Deus  NEBKHEPERURÁ,  Doador da Vida, semelhante a RÁ para todo o sempre !"
"  A grande esposa real, que amamenta e nutre o Rei TUTANKHAMEN com o mel silvestre do paraíso, a Senhora sobre o Alto e Baixo Egitos,  ANKHSENAMEN -  saúde, vida, prosperidade, cheia de beleza e formosura, por nós amada !"







Em 1922 o arqueólogo inglês HOWARD CARTER descobriu no Vale Real de Tebas a fabulosa tumba semi-intacta do faraó TUTANKHAMEN,  repleta de riquezas incalculáveis hoje conservadas no Museu de Antiguidades do Cairo :
Seu túmulo inacabado é o poema lírico da morte, é a saudade da vida, o apego à riqueza terrena, a dor da renúncia.
Seus carros de guerra e caça, de ouro cintilante, seu tronode ouro, prata e pedrarias, seus numerosos colares, broches, pulseiras, leques, punhais e seus três ataúdes de ouro, refletem a gratidão voraz dos sacerdotes de  AMEN-RÁ :  um deus repleto de magia, adorado em templos escuros, que exigia pesados tributos.
Seus leitos funerários mostram, esculpidos em ébano, ouro e marfim, amuletos benéficos que afastavam espíritos malignos.
TUTANKHAMEN levou para o sepulcro todos os vestígios da sua existência e o esplendor da sua riqueza.
No dia do enterro, o grão sacerdote rezou na porta do túmulo o adeus :

" Pronunciar seu nome é fazê-lo viver novamente.
  Eu te ordeno : desperta !
  Tu triunfas !
  Vem para o teu KÁ, completamente tranquilo ! "

E as inscrições nos seus ataúdes imploram a intercessão dos deuses :

" Ó grande Deusa Celeste NUT !
   Abre tuas asas protetoras sobre mim, pelo tempo em que brilharem as estrelas imperecíveis. "
 








Os embalsamadores usaram excesso de ungüentos para
conservar o seu corpo.  As massas gordurosas engrossaram e o carbonizaram até certo grau.  Sua pele tem a cor de queimada, é quebradiça e cheia de rachaduras.
TUTANKHAMEN morreu com 18 anos e inúmeras pessoas que entraram em sua sepultura pereceram misteriosamente.

"A morte tocará com suas asas, todo aquele que perturbar, em sua eternidade, o sono do faraó que repousa neste lugar."

"Sou eu quem afugento, com as chamas do deserto, os ladrões de sepulturas e os seres malignos. Sou o guardião do pórtico do outro mundo. Aqui estou para te proteger, ó Osíris-Rei TUTANKHAMEN."




 
 
 

Múmias egípcias.

 
 
 
 
 Estas frases fatídicas estavam escritas no seu túmulo : no rodapé da terceira porta selada e no andor de ANÚBIS, deus dos embalsamamentos.
Dezenas de pessoas que lá entraram ou removeram o tesouro, morreram inexplicavelmente e a maldição do faraó ainda não foi totalmente esclarecida pela ciência.
Os túmulos egípcios conteriam uma energia desconhecida ?
Conteriam materiais radiativos, bactérias ou venenos poderosíssimos ?
Haveriam gênios guardando as tumbas ?


Segundo pesquisas do médico irlandês GEOFFREY DEAM, a maldição é uma doença chamada  "hitoplasmosis"  -  ela provém dos fungos que crescem no esterco ressecado de morcegos.


 
Jarbas Vilela na entrada do corredor da tumba de Tutankhamen -  02 fev 2000







Você já ouviu falar de um jovem faraó que se chamava  AMENHETEP  ( Amenófis, em grego) II ?  Jamais se viu um belo atleta tão forte, tão harmonioso.  Eis os próprios egípcios narrando suas façanhas, gravadas em pedra no Templo de Karnak :

" Então Sua Majestade, vigoroso como MENTU, o deus da guerra, subiu em sua biga de ouro.  Pegou o seu arco de combate e colocou nele 4 flechas ao mesmo tempo.  Depois, correu em seu carro até o norte e as disparou. Elas transpassaram o alvo de cobre asiático e caíram do outro lado.  Nunca se viu proeza semelhante e jamais se ouviu falar nisso.  Longa vida a Faraó !"









De todos os faraós, RAMSÉS II parece ter sido o mais imperioso  e sobrenatural..  Viveu 60 anos, conduziu 20 guerras.  Suas 200 concubinas lhe deram 98 filhos e 69 filhas.  Todos os templos que ergueu comemoram suas vitórias e contam sua vida.

Sua esposa favorita chamava-se  NEFERTARI :

"... a bem-amada, coroada, de belo rosto, maravilhosamente enfeitada com plumas.  Aquela cujas palavras são ouvidas com um estremecimento de alegria" como diz um texto em sua homenagem.







Dessa época datam as mais lindas canções de amor. Têm por cenário o ar livre, os lagos, a paisagem, as plantas :

" Como é gostoso, ó meu amado, ir banhar-me no lago, para que vejas toda a minha beleza quando o fino linho da minha roupa se ajusta às curvas do meu corpo molhado.  Estou na água... e regresso para junto de ti com um belo peixinho escondido nas mãos.  Ó meu amado, vem e olha-me ! "

" Negra é a tua cabeleira, mais negra do que o escuro da noite, mais negra do que  a baga do abrunheiro silvestre. Vermelhos são teus lábios, mais vermelhos do que tâmaras maduras, mais vermelhos que o sol nascente ! "







Você sabia que o nosso imperador  D. PEDRO I,  aconselhado por JOSÉ BONIFÁCIO comprou centenas de peças egípcias autênticas
Esse acervo, trazido da França pelo mercador italiano NICOLAU FIENGO, destinava-se ao ditador argentino D. JUAN MANUEL DE ROSAS, que o encomendára.  Ao chegar a Buenos Aires, Rosas havia sido deposto e o governo sucessor não quis sustentar os compromissos da compra.  Fiengo o trouxe para o Rio de Janeiro e D. Pedro o arrematou por 5 contos de réis, pagos em 6, 12 e 18 meses.
Pequena parte desse material está exposto nas salas  HUMBOLDT  e  CHAMPOLLION, no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista.





D. PEDRO II   foi um devotado amigo das antiguidades egípcias e fez duas viagens àquele país.
A primeira, em 1871, visitou as pirâmides, tirou fotografias e condecorou a dois egiptólogos com a  "Ordem da Rosa"HENRI BRUGSCH  (então diretor da biblioteca do Instituto de Alexandria)  e  AUGUST MARIETTE  (diretor do Museu de Bulac).
Na segunda, em 1876, subiu o Nilo até Assuan visitando demoradamente os templos de Luxor, Karnak e Filas.  Antes de regressar ao Brasil, o governador do Egito, o quediva ISMAIL, deu-lhe de presente o ataúde da cantora SHAMAMENSUT, contendo a sua múmia.  Essa relíquia pode ser admirada no Museu Nacional do Rio de Janeiro.






A crença na imortalidade da alma é a grande doutrina religiosa que os egípcios nos deixaram.  Os textos hieroglíficos revelam que acreditavam em
um deus infinito e eterno,
na providência divina,
no perdão dos pecados,
nas recompensas e punições depois da morte.
A própria concepção da trindade divina também a herdamos do Egito antigo.  Essa concepção está nesta litania do ano 2.200 aC. . Leia com toda atenção estas frases do Papiro Leyden, do Novo Império

"Todos os deuses são três :  AMEN, RÁ  e  PTAH  -  e não há um segundo deus. 'Oculto' é o nome de AMEN; seu rosto é RÁ e seu corpo é PTAH.  Só  AMEN é como  RÁ e como PTAH, os três juntos. "





Os egípcios foram os primeiros arquitetos da humanidade. Tinham estatura mediana, pele bronzeada, olhos negros e amendoados.  Criaram o seu próprio padrão de vida  (considerado bem superior ao lado de outros povos) e constituíram uma das civilizações menos neuróticas do mundo.  Eram alegres, otimistas, realistas e acreditavam na eternidade da vida terrena.





Nos ensinamentos do rei AKTOES III para o príncipe  MERIKARÁ  (2.100 aC.) temos a primeira tentativa humana visando substituir a violência pela inteligência, na história política do mundo :

" A linguagem é uma espada para o homem. E as palavras têm força superior a qualquer espécie de combate."





 
LIVRO DOS MORTOS  é o documento mais autêntico e seguro para conhecermos de modo determinante as doutrinas dos antigos egípcios, com respeito à filosofia, à moral, aos conhecimentos psíquicos, à constituição do ser humano, sua desintegração no instante da morte e os renascimentos que constituem a consequência do Juízo. Contém ainda um ritual mágico relativo ao culto do morto e sua preservação onde há de permanecer. 
Este hino ao deus-sol, foi extraído de um capítulo do Livro dos Mortos :

"Levanta-te ó RÁ, em tua maravilhosa ascensão !
 Tu és o Rei dos Deuses e o que tudo contém;
 De ti viemos e em ti nos divinizamos.
 Ventos divinos caminham em música através de tuas cordas de ouro.
 Ó tu, Perfeito, ó tu Eterno, ó tu que és Único !
 Grande falcão que voa com o sol !
 A poesia do tempo rodopia a teus pés.
 Autor do tempo, tu próprio além de todo o tempo.
 Tu és o Hoje, o Ontem e o Amanhã.
 Louvor a ti, ó RÁ, que tiras do sono a vida !
 Milhões de anos já se passaram  - não podemos contar seu número ;  milhões de anos ainda virão.
 Mas tu estás além dos anos ! "






"Mais de dois mil anos antes dos gregos, a arte egípcia exaltou o homem, seu trabalho, sofrimentos e alegrias. Mostra com quanta apaixonada observação eles souberam ver e compreender o homem e tudo o que vive em torno dele".  JEAN VERCOUTTER






O rei SENUSERT III, da XII dinastia, mostra-se como o primeiro racista da História, através deste registro em Semneh - o mais avançado posto egípcio ao sul :

"A nenhum negro é permitido avançar esta fronteira em direção do norte, à pé ou embarcado, exceto quando vier comerciar. Então, seja ele bem tratado".






Na lenda do Papiro Westicar, de Berlim, há um curioso episódio que muito lembra a passagem bíblica do Mar Vermelho. A nós não parecerá estranho que  MOISÉS conhecesse esta história, porque já era contada há uns 1.200 anos antes dele :

"DJADJA EMANQUE, o mágico, murmurou um encantamento sobre as águas do lago, graças ao qual conseguiu levantar metade da água e dobrá-la sobre o alto da outra metade.  O fundo do lago ficou assim revelado.  DJADJA EMANQUE desceu, recuperou o broche perdido pela princesa, murmurou outro encantamento e a água se desdobrou à posição anterior."






Os gregos reconheciam haverem aprendido muito dos egípcios, pois estes contribuíram na formação de sua própria vida.
Foi um egípcio chamado CÉCROPS que fundou Atenas.
Na sua arquitetura, os gregos aplicaram certos refinamentos destinados à corrigir ou compensar erros ou deformações visuais.  Segundo várias conclusões de especialistas, os egípcios adotaram, no templo de Medinet Habu inteligentes e sensíveis correções visuais.





Sob a XXVI dinastia,  HAMEN, general fenício à serviço do faraó  NECAU II, partiu pelo Mar Vermelho, contornou a África e voltou pelo Mediterrâneo, numa viagem que durou 3 anos.




O mural, inventado no Egito, ultrapassou as fronteiras do seu país e do tempo e se fixou como um monumento de arte imortal.



Canção do Harpista  -  XI dinastia :

" Vive na alegria e deixa que floreçam teus desejos.
   Põe mirra sobre tua cabeça e vestes de linho sobre teu corpo.
   Adorna o pescoço e os braços da tua amada com flores de lótus e tem-na sempre contigo.
   Não ordena o cessar da música e da dança, mas afasta teus males e preocupações.
   Pensa apenas no prazer e vive dias felizes, pois logo chegará o momento da tua viagem para a terra do silêncio, de onde ninguém regressa. "






De todas as grandes mulheres da História a mais famosa é  CLEÓPATRA VII,  a quarta filha  de um segundo casamento de PTOLOMEU XIII,  rei egípcio da Dinastia Lágida.
Seu nome transformou-se em lenda e atravessou os séculos.
Em sua veia não corria uma só gota de sangue egípcio, pois era grega, da Macedônia
Muito dotada intelectualmente, conversava fluentemente em várias línguas :
egípcio,
grego,
latim,
etíope,
hebreu,
árabe,
sírio e
persa.








" Nenhum povo antigo ou moderno deu à mulher tão alta situação legal como os habitantes do vale do Nilo."  (MAX MÜLLER).
As mulheres mantinham propriedades em seu nome e as transmitiam livremente.  Possuíam, vendiam, compravam e tinham direitos para testificar ante os tribunais.
Mesmo no namoro a iniciativa partiam da mulher.  Os poemas e cartas de amor que chegaram até nós são, na maioria, dirigidas por uma mulher a um homem.  Diz esta carta :

" Ó meu belo amado !  O meu desejo é tornar-me, como tua mulher, a dona de todas as tuas posses".

No contrato de casamento o marido passava-lhe todos os seus bens e ganhos futuros !






A compreensão do presente inexiste sem o conhecimento das épocas anteriores e o conhecimento do passado é incompleto sem a noção do presente.  Para você entender a época e o ambiente em que vive, terá que retroceder, em estudos, até a Antigüidade.
Cada ser humano é síntese e autor da História.
A realidade do amanhã será consequência das nossas ações presentes.
Os egípcios já tinham consciência desta responsabilidade e nos deixaram, no Livro dos Mortos, esta admirável lição

" O Ontem me criou.
  Eis o Hoje;
  Eu crio os Amanhãs."






No diálogo  "Das Leis", diz  PLATÃO :

" Quem contemplar os monumentos egípcios encontrará neles quadros e estátuas executados há cinco mil anos e que, no entanto, não são mais belos nem mais feios do que as obras modernas e estão todos feitos em harmonia com as regras da técnica ainda vigente."




Depois do ano 1.000 aC., quando as culturas mais jovens estavam em crescimento, o Egito já fazia de seu glorioso passado um mistério.
O Egito  'trocou de dono' muitas vezes e, como nos tempos imemoriais, o Nilo sempre foi o cenário da vida nacional e política.
Num cansaço de 6.000 anos, banha mansamente as construções de concreto de suas barragens e os lugares consagrados das dinastias dos  THOTMÉS, RAMSÉS, PTOLOMEUS  e  califas.


Nos copos do Hotel Semíramis, no Cairo, estão gravadas esta inscrição latina :  "QUI AQUAM NILI BIBIT AERUM BIBET"  -  quem bebe a água do Nilo, bebe força.
O egípcio sempre teve a idéia fixa na água.  Desde a mais remota antiguidade ele concretizou a vida na água : a água foi o deus da vida  -  e a vida foi a primeira forma de adoração do homem ; o nascimento, a origem de tudo.
Não é de estranhar que ele elogiasse o Nilo, que o adorasse, que lhe cantasse hinos em sua homenagem.  Nas enchentes periódicas do Nilo, estavam os ciclos da vida e da morte :

" Louvado seja, ó Nilo.
  Saúde a ti que vindes tornar verde o Egito."






Construções, obras de pintura, tesouros, utensílios e escritas foram conservado pelo ar seco e pela areia desértica.  Os resultados arqueológicos efetuados no vale do Nilo, bem longe de despojar o país de suas relíquias, só fizeram aprofundar o espanto e a admiração que suscitam as obras do antigo Egito :  esse Egito que não é um túmulo, mas um berço !
Seus admiradores e estudiosos espalham-se hoje por todas as nações do mundo  -  um mundo muito maior que os faraós jamais ousaram sonhar !










 
 
 



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